Palestra realizada durante o MERCOFRIO 2022 mostra vantagens do uso do gás natural e outras fontes de energia em projetos de climatização
O uso de fontes de energia mais limpas, como biometano e gás natural, podem colaborar e impactar positivamente a cadeia de suprimentos de energia elétrica, trazendo sustentabilidade e segurança energética.
“Isso evita grandes perdas de geração de energia que passam pela transmissão e distribuição até a utilização do consumidor final”, afirmou Márcio Rocha, consultor da Companhia de Gás de São Paulo – Comgás, em palestra ministrada em Porto Alegre, na quarta-feira (14/09), durante o 13º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação e MERCOFRIO 2022, realizado pela ASBRAV com patrocínio da Sulgás.
Durante a palestra, Rocha abordou a utilização de energias alternativas em sistemas de climatização. Conforme ele, ao pensar estrategicamente no consumo nos grandes centros e num consumo descentralizado, o ar condicionado é um item primordial nos projetos, sendo responsável por um grande consumo da energia elétrica disponível.
“A ideia é trazer maior eficiência energética e compartilhar as soluções utilizadas em projetos já implementados. Esses projetos diversificam a matriz energética nos empreendimentos e colaboram com eficiência e sustentabilidade no mercado de climatização”, explicou.
Um outro ponto que Márcio levantou é quanto à utilização de equipamentos não elétricos no mercado de climatização, que, por uma questão cultural, não é amplamente aplicada no Brasil. “Uma das razões é que nossa escola de engenharia tem como grande base a escola americana. Em países como o Japão, e outros de origem asiática, as soluções com gás natural são amplamente difundidas”, afirma.
Nos países asiáticos, esse desenvolvimento foi conduzido por meio de pautas e incentivos em políticas públicas voltadas à diversificação da matriz energética das grandes cidades. Em alguns locais, cerca de 50% dos equipamentos e soluções de climatização vendidos utilizavam fontes alternativas como o gás natural ou geotérmica.
Como a Comgás atua neste segmento –Atualmente, a Comgás possui um time chamado “Geração Distribuída” que conta com especialistas dedicados, responsáveis por fomentar as soluções de Geração, Cogeração e Climatização, atendendo amplamente toda a cadeia de clientes existentes e novos projetos na área de concessão.
“Esse time realiza o que chamamos de Cross Sales, atendendo projetos de clientes dos mais diversos segmentos da companhia, como indústrias, hospitais, hotéis e restaurantes e até condomínios residenciais”, disse Márcio.
Sobre as projeções do setor para os próximos anos, o especialista acredita que as soluções alternativas fazem parte de um grande contexto de transição energética que está acontecendo, com a entrada de novas fontes renováveis como solar, eólica, biomassa e biometano.
“Vale salientar que devido à grande crise hídrica que o Brasil sofreu recentemente, ficou claro que precisamos, atualmente, de energia firme e do uso inteligente da energia nos grandes centros, sendo necessárias soluções que tragam resiliência ao sistema e que sejam de fácil aplicação”, observou.
Essas soluções, que trazem resiliência ao sistema, são encontradas nos sistemas a gás em abundância. “A Comgás acredita que vamos passar por essa transição energética de forma segura, atendendo a uma pauta global, que é urgente”, ressaltou.
Para Márcio, a aplicação de energias alternativas aos projetos convencionais será altamente demandada pelo mercado. “Nesse sentido, as projeções e investimentos nessas soluções continuarão em ascendência nos próximos anos”, concluiu.
Vantagens para quem utiliza
As principais vantagens para quem utiliza energias alternativas em sistemas de climatização são:
1) Eficiência energética, podendo alcançar índices de 30% a 50% de economia operacional.
2) Segurança operacional com a diversificação da matriz energética e, com isso, menor dependência de uma única concessionária, considerando que o índice de falhas de interrupção de fornecimento do gás natural é muito inferior em comparação à energia elétrica.
3) Alternativas para os projetistas de climatização, trazendo redução de custos iniciais em infraestrutura elétrica em novos projetos, e a disponibilização de demanda de energia elétrica para outros fins, muito bem aplicado também em casos de projetos de retrofit de ar condicionado e nas ampliações em prédio existentes através de sistemas híbridos.
4) Estar preparado para utilização de uma fonte renovável como biometano diretamente no sistema de ar condicionado, diminuindo a pegada de carbono em sistemas atuais.
Experiência gaúcha com a Sulgás
No Rio Grande do Sul, alguns clientes da Sulgás têm adotado os sistemas de climatização, como é o caso do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). A instituição – que utiliza o gás natural para suas caldeiras desde 2010 – em 2019, ampliou o consumo ao introduzir o gás na climatização. Foi feita toda uma adaptação incluindo a reforma das caldeiras e a instalação de um sistema VRF, que é de expansão direta, no qual o fluxo de gás refrigerante é variável.
“É uma solução para aquele cliente que não tem disponibilidade de energia ou quer reduzir a conta de energia. É um tipo de equipamento que não tem tanto impacto ambiental, por se usar como maior fonte o gás natural no lugar da energia elétrica”, explica a sales manager Marcela Marzullo Schneider, da divisão de Business Solution da LG Electronics Brasil, responsável pelo fornecimento do equipamento ao Hospital Conceição.
Segundo ela, o sistema VRF também possibilita a geração de água quente sem usar outra fonte de energia, por meio da cogeração, que é o reaproveitamento de calor. “Para o hospital é um sistema bem interessante. Tem baixo nível de ruído, o que, por ser um ambiente hospitalar, é muito importante”, destaca.
A aceitação no hospital é tanta, que recentemente o Grupo iniciou estudos para a possibilidade de uso do sistema na matriz, conta o engenheiro Aramis Malinski Argenta, coordenador das manutenções do GHC.
“Uma das primeiras obras foi a climatização com os GHPs de três enfermarias do Bloco I e percebemos um resultado muito bom. O custo de manutenção dessas máquinas é bem baixo. Nossa matriz básica dentro do hospital é com água gelada e vimos essa possibilidade de usar GHP para ela”, diz.
O estudo de viabilidade econômica mostrou que o retorno econômico é de menos de dez anos, complementa Argenta, o que, para o Hospital, é considerado satisfatório. “São máquinas que operam no mínimo 20, 25, 30 anos, e a gente vê esse resultado na prática.”