Nesta quinta-feira, 29, na Expointer, ocorreu o Campo em Debate com o tema: Biometano e o desafio da transição energética no RS. O evento foi na Casa RBS com realização da Sulgás e trouxe representantes de diversas áreas para discutir sobre os principais benefícios do energético renovável para o Estado. Representantes da Agergs, Farsul, Fiergs, Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Bioo e Sulgás participaram do debate.
Com mediação do jornalista Rodrigo Lopes, a rodada iniciou com a fala da secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Marjorie Kauffmann, que destacou que esta foi a primeira vez que o tema biometano é discutido com profundidade na Expointer.
A secretária explicou que o Estado já possui o mapeamento de diferentes fontes de energia e os estudos mostram que o RS terá capacidade de produzir 5 milhões de metros cúbicos de biometano por dia. “O biometano vai ser necessário, não para substituir os outros energéticos, mas para complementar a diversificação e aumentar a segurança energética”. A secretária ainda destaca que os resíduos desprezados, quando passam a fazer parte da cadeia produtiva, diminuem custos e conectam toda a produção agrícola e pecuária do Estado. A distribuição do biometano canalizado no Rio Grande do Sul é de responsabilidade da Sulgás e toda a operação da concessionária é regulada pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (AGERGS) que, no evento, foi representada pelo conselheiro Marcelo Spilki. Ele defendeu que para que os investimentos privados na matriz energética do RS serão possíveis com políticas públicas. “É preciso fazer com que se aumente os investimentos nessa área e que tenhamos financiamentos com custos menores para projetos verdes”, afirma.
A gerente executiva de Estratégia da Sulgás, Thays Falcão, explicou que o gás natural – mesmo sendo um combustível fóssil – já é o energético da transição por ser menos poluente do que os demais combustíveis, como o diesel. “A entrada do biometano na rede potencializa essa transição. Além disso, a distribuição do combustível renovável pelo gasoduto é mais eficiente, porque promovemos a diminuição da circulação de caminhões que interferem no ambiente e na mobilidade”. Falcão ainda explicou que o biometano é o combustível intercambiável com o gás natural e a injeção na rede já é aprovada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Também participou do debate o diretor executivo da Bioo, Maurício Cótica. A Sulgás assinou o primeiro contrato com a empresa para a produção de biometano a partir dos resíduos agroindustriais. “Com esse tratamento produzimos o biogás, depois o biometano, CO2 e biofertilizantes. Conseguiremos converter 100% dos resíduos orgânicos sem emissões e sem gerar novos resíduos – e isso em escala industrial. Este é apenas o primeiro passo dentro do potencial enorme que o Estado tem”, garante o executivo.
A planta, localizada em Triunfo, tem previsão de iniciar as operações no próximo ano, quando o biometano passa a ser injetado na rede da Sulgás.
O vice-presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, destacou que um dos pilares da agricultura de baixo carbono está no aproveitamento de dejetos de animais, o que representa a transformação de um passivo ambiental em ativo energético para redução de custos na cadeia produtiva. “É nesse sentido que o passivo se tornou uma grande oportunidade ao produtor rural para redução de custos”. Lopes ainda afirma que a descarbonização da atividade agrícola não passa pela diminuição da produção agropecuária e sim no balanço entre emissões e mitigação dos efeitos do CO2 na atmosfera.
Representando a Fiergs, Rafael Salamoni trouxe ao debate que a indústria e o setor do transporte consomem mais de 50% da energia ou do combustível gerado e, quando se fala em transição ou manutenção da matriz energética, não se pode passar de um patamar para o outro de forma rápida. “Por isso é importante as políticas públicas e infraestrutura para que a gente mantenha a nossa cadeia produtiva”. Salamoni, que também é vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), ainda citou a importância do papel da indústria na transformação de biogás – gerado em aterros sanitários – em energia e biometano.
Com uma hora e meia de duração, o Campo em Debate contou com a participação do público que enviou perguntas sobre o tema. Por fim, Thays Falcão trouxe os objetivos da Sulgás para o futuro do biometano no Estado. “A gente precisa continuar tornando a nossa matriz cada vez mais limpa e pensar em tudo que agregue valor ao produto. Que a gente consiga distribuir esse biometano com valor agregado e buscar a expansão para interligar novas plantas e novos projetos”, projeta.