O conceito “puro” do chocolate traz a seguinte definição um alimento feito com base na amêndoa fermentada e torrada do cacau. Mas, definitivamente, esta é uma daquelas descrições em que só palavras não bastam. É preciso ir muito além para entender porque intensidade, aroma, diversidade e sabor, combinados em infinitas possibilidades de receitas, o tornam quase que uma unanimidade. É por isto que chocolate tem tanta história e faz muitas histórias.
Uma delas começou com a vó Mila, em São Sebastião do Caí, que acrescentou um valioso ingrediente à deliciosa iguaria: o afeto. Tiago Schmitz, 37 anos, cresceu vendo a avó na cozinha preparando tortas e bolos para toda a família. E de uma receita, a do bolo de chocolate, presente em todos os aniversários, nasceu o Charlie Brownie. Mas antes de se tornar famoso em Porto Alegre, o doce, que é considerado uma sobremesa típica da culinária dos Estados Unidos, trilhou um caminho onde foi sendo “testado” em reuniões familiares e na festa junina de uma escola em Porto Alegre. “Foi tão bacana o retorno, que senti que deveria colocar minha história de família, sensibilidade e essência, no projeto que está entrando no sétimo ano e tem como objetivo tornar o dia das pessoas mais doce”, declara o proprietário do Charlie Brownie.
Depois de um ano produzindo em casa e vendendo pela internet, em 2015, Tiago abriu a primeira loja na Av. Mariland, 1270, bairro Auxiliadora, em Porto Alegre. Deu tão certo, que logo a empresa ganharia mais duas unidades: a da Rua Fabrício Pillar, 822, bairro Mont’Serrat, e o Charlie Pub, na Cidade Baixa. Esta última está fechada por tempo indeterminado, em função da pandemia.
Há um ano e meio, quando iniciou o serviço de padaria e centralizou toda a fabricação na unidade da Rua Fabrício Pillar, ele optou pelo abastecimento com Gás Natural nas operações de produção dos doces, confeitaria e nos fogões da cozinha dos produtos salgados. “Nossa experiência é recente, mas tem sido mais econômico que a energia elétrica. Outra vantagem, além da segurança, é o fornecimento contínuo, ininterrupto e sem necessidade de estocagem”, avalia.
Atualmente, a Charlie Brownie Padaria e Confeitaria está operando com as duas lojas, de segunda a sábado, das 10h às 19h, somente nos sistemas de delivery e takeaway. Além disso, os brownies da marca são distribuídos em outros 25 pontos de revenda na capital, também por meio de aplicativos de entrega.
Assim como grande parte dos empreendedores, Tiago Schmitz também teve que se adequar à atual situação. “Em sete anos, está sendo o momento mais desafiador para o negócio. Fechamos nossa unidade na Cidade Baixa, reduzimos nossa equipe de colaboradores, cortamos todos os custos possíveis e adaptamos o funcionamento para delivery e takeaway. Algo que deve permanecer até outubro, independente dos decretos”.
Com queda de faturamento nos dois primeiros meses da pandemia, Schmitz ressalta que, com as mudanças e adaptações, está conseguindo manter o equilíbrio da empresa. “Também, fortalecemos projetos e iniciativas sociais ao lado de centros que já eram nossos parceiros, pois entendemos que além da questão empresarial e econômica, é importante sermos protagonistas com bons exemplos e atitudes”. Ele complementa que a empresa criou uma rede de apoio para realizar doações mensais de cestas básicas à comunidade da Vila da Conceição, além de doar doces para profissionais dos hospitais da cidade, que estão à frente do combate ao Coronavírus. “Em resumo, o período é complexo, mas aprendemos que é necessário administrar perdas, pensar no coletivo e buscar a sobrevivência das pessoas e do negócio da forma mais equilibrada possível”.
Sobre ter transformado o bolo de chocolate da infância em um dos doces mais queridos e conhecidos dos porto-alegrenses, Tiago credita muito do sucesso às vivências afetivas que teve com sua avó, e que acabou imprimindo em sua marca. “Acredito que seja nossa história. Lembro como se fosse hoje da época que a Charlie era apenas um plano B, quando eu passava madrugadas produzindo doces para entregar, sem ter loja ou qualquer estrutura produtiva. Também entendo que somos respeitados pela coerência no propósito de promoção do amor, da diversidade e de ações de cuidado que ajudam a conduzir o crescimento da marca. Isso sem falar na preocupação constante que temos com as receitas, os insumos, o atendimento aos clientes e a inspiração nas embalagens que valorizam os produtos e transmitem amor”.
RECEITA DO CLIENTE
INGREDIENTES
- 3 cenouras médias sem casca
- 1 ½ xícara de óleo de cozinha
- 4 ovos
- 1 xícara de açúcar
MODO DE FAZER
Bater itens acima no liquidificador
Depois acrescentar em um bowl:
A mistura do liquidificador
- 1 xícara de açúcar
- 2 ½ xícaras de farinha de trigo
- 1 ½ pacote de fermento químico (18g)
Bater bem até ficar em liso
Misturar e levar ao forno pré-aquecido a 180º por 30 minutos
Após esfriar, inserir a calda de chocolate, que é feita com:
- 1 lata de leite condensado
- 3 colheres de chocolate em pó
- 50 ml de leite
Levar ao fogo até engrossar para cobrir seu bolo
Texto: Andrea Fioravanti Reisdörfer
Fotos: Vini Dalla Rosa, Fredy Vieira/JC, Rene Melo
Leia esta e outras reportagens naRevista Sulgás Natural, edição 27.